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KIT ANTI-HOMOFOBIA: EQUIVOCO ESTRATÉGICO

Vou ser bem sincero e talvez muitos e muitas irão me criticar: afirmo a ineficácia da estratégia de um kit anti-homofobia nas escolas, mesmo sendo para adolescentes e jovens do ensino médio (a exemplo de algumas equivocadas ações tais como as cotas quando descoladas de políticas sociais mais amplas e efetivas). No fundo, por mais paradoxal que possa ser, os latidos homofóbicos dos Bolsamargas, dos Malamados, dos Reicalcados-Azedos colaboraram positivamente para se reavaliar com coragem auto-crítica (ou quiça suspender) tal estratégia.

Além disso esta polêmica exagerada foi oportuna para que se desvelassem as hipocrisias e cinismos de um governo atrelado a uma base fisiológica de sustentação política. Estas politicas mal elaboradas e fragmentadas se tornam moedas de troca na hora “H” do “pega-pra-capar”! Demonstrou que políticas sociais relacionadas ao direitos humanos e a promoção da cidadania não passam de estratégias miméticas de governabilidade, não são encaradas por elas próprias, dentro de um amplo projeto de desenvolvimento social e da cidadania.

O projeto deste Kit Anti-Homofobia já nasceu equivocado e qualquer remendo agora será mais desastroso! Alias, de qualquer forma, esta polêmica provocou a curiosidade de muitos – inclusive adolescentes e jovens – que acessaram os vídeos sem qualquer background reflexivo-crítico, pena que em muitos casos, material apócrifo e de baixa qualidade. Concordo com a abordagem da prof. Lílian do Valle (UERJ) referida na Folha de São Paulo de 28/5/11. Qualquer um que tenha o mínimo de visão séria da realidade (supõem-se que as militancias GBLT…XYZ o tivessem no mínimo) pode perceber que as escolas estao despreparadas, não ha políticas sérias de qualificação dos profissionais que nelas atuam, professores mal remunerados, sobrecarregados, que ficam correndo de escola em escola para garantir o minimo de sua sobrevivencia, as escolas carecem de projetos politico-pedagogicos sérios e consistentes, estão à merce de sistemas educacionais verticalizados, burocratizados. Pior ainda fazer isso nas escolas despreparadas. As escolas ensimesmadas em seus muros são estranhas às comunidades no seu entorno. A participação das escolas e comunidades na elaboração de políticas públicas de educação é nula ou senão adjetiva e superficial.

Como todas as políticas sociais (públicas), não temos políticas educacionais de Estado, mas apenas políticas de governo, reféns da sazonalidade governamental.

Que percepção idiota destas militâncias que acham que a reversão do preconceito junto a opinião pública (e na esfera pública) se faz “enfiando pela goela abaixo” qualquer coisa. Ilusão achar que as mídias colaboram para a visibilidade da condição homossexual e homoafetiva, senão para alavancar estereótipos nojentos e caricaturescos cultivados em guetos de onde bebem as tais militancias. Ilusão achar que se pode avançar no reconhecimento da diversidade sem o enfrentamento racional e o respaldo de uma opinião pública construída democraticamente.

Tomo agora uma frase bíblica (do Evangelho): “Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. (Mateus 9:17 , tb Lucas 5:37 e Marcos 2:22). O kit anti-homofobia seria como um “vinho novo” em “odres velhos”, como são nossas escolas, anacronicas, atrasadas, independente de serem estatais ou de capital privado, que mal cumprem sua função social (e republicana) numa sociedade democrática e de Direito.

Não coloco em questão o mérito das sinceras e sérias (e talvez ingenuas) motivações do kit anti-homofobia, mas critico o viés torto e equivocado da forma como foi concebido e da forma como foi isolado de uma política pública mais ampla e efetiva para atacar severamente todos os crimes de ódio e para construçao de uma sociedade de tolerância e solidariedade, de respeito a diversidade e de justiça social e de uma cultura de paz. Observe que, analogamente, podemos nos reportar ao mesmo erro político-estratégico das “cotas sociais” que se mantém até hoje por uma visão ideologizada e distorcida de inserção/inclusão social. O problema do preconceito é muito mais amplo para além dos “guetos” nos quais ele se realiza.

Quando eu tive a oportunidade, quando jovem, de viver uma longa experiência na roça, aprendi com a sabedoria campesina que um incêndio no mato não pode ser controlado se atacamos aqui e acolá os seus focos. É preciso fazer isso, é claro! Entretanto, os diversos e pontuais ataques aos focos de incêndio devem estar associados a uma estratégia mais ampla para sua contenção e prevenção.

O problema de nossas políticas públicas (sociais) é que são fragmentadas desde a sua raiz, dado o seu grave déficit de legitimidade democrática: são desenraizadas da esfera pública e são elaboradas por grupos ensimesmados também desenraizados da esfera pública (e que em geral cooptados recebem fartos incentivos pecuniários pra realizar esta tarefa).
O problema do preconceito social e da contenção dos crimes de ódio não será efetivamente enfrentado por atitudes ou práticas “messiânicas”, “populistas” e “salvacionistas”, feitas de cima para baixo, na covardia de enfrentar dialeticamente a polêmica contraditória no contexto da opinião pública, no âmago da esfera pública de onde ela é forjada democraticamente, nos embates que impõem uma mobilização geral da sociedade civil. Do contrário, quem ganha? Com certeza não serão governos cínicos em busca de uma pseudolegitimação e tampouco os bolsos e as vaidades de militantes e ongs atrelados tacitamente a eles! Quem ganha é a democracia!

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São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011
FOLHA DE SÃO PAULO – COTIDIANO
Para a professora de filosofia da educação da Uerj Lílian do Valle, sem preparação adequada dos professores, o kit anti-homofobia poderia acabar tendo efeito contrário ao planejado e os alunos homossexuais poderiam acabar “mais expostos”.”Há uma supervalorização do material escolar, como se ele se bastasse. O professor é que dá sentido a esse kit. O professor pode pegar esse kit e levar para um lugar completamente contrário do que se quis.”
Para a professora, é “perverso esperar que a escola faça um trabalho que a sociedade ainda não conseguiu fazer”. Ela diz que o ideal seria preparar os professores para discutir o tema da homofobia, e não começar a tratar da questão com a imposição de um kit “enorme”.
“A escola não pode ser refém de um movimento que é a sociedade que tem que fazer”, diz.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2805201116.htm (exclusivo assinantes)

Kit e o circo

Dilma suspende ‘kit gay’ após protesto da bancada evangélica
www1.folha.uol.com.br
A presidente Dilma Rousseff determinou a suspensão da produção e distribuição do kit anti-homofobia em planejamento no Ministério da Educação hoje, e definiu que todo material do governo que se refira a “costumes” passe por uma consulta aos setores interessados da sociedade antes de serem publicados

Não pretendo comentar o circo que foi montado sobre este tal kit anti-homofobia. Informações desencontradas, apologias exageradas de ambos os lados sobre algo duvidoso e contingente, que mereceria, do ponto de vista pedagógico, ser melhor aprofundado. Mas o que isso tudo ocasionou apresenta-se, do ponto de vista político, como extraordinário!

A opinião pública ficou refém desta guerra “santa” e atordoada pelas proporções exageradas deste embate. Nem o tal e equivocado “preconceito linguistico” de uma cartilha mal e ideologicamente elaborada alcançou tamanho impasse. De qualquer forma, de camarote, fiquei surpreendido como tudo isso se associou ao caso Palocci. A cruzada pseudocristã conseguiu tornar públicas suas negociatas com o Diabo para ter alguma migalha moralista conquistada. Que vá a merda cidadania, justiça, vergonha na cara, moralidade publica, probidade administrativa etc etc. Ah meu Jesus, os vendilhões do templo e os segmentos oportunistas, populistas e hipócritas dos fariseus tomaram o poder. E a nova era deste antro demoníaco submete o Estado aos seus vômitos infernais.

Ahhh. Negociatas num toma-la-da-cá impressionantes. Para blindar e salvaguardar a sujeira do ministro da Casa Civil, Dilmarionete (Lula está em Brasilia manipulando) faz valer seus acordos eleitorais e se dobra servilmente às exigencias deste bando demoníaco. Que a presidenta, com assessoria de Chalitas, Gil-Carvalhos e demais rasputins de plantão, aprenda a fazer o sinal da cruz ou gritar bem alto Aleluia! Ela jogou na lama a independência do Estado.

da viuvinha

O acordo da bancada evangelico-católica da Cãmara com o Palácio do Planalto para resguardar Palocci, numa putaria do toma-la-da-cá de bastidores, merece que apresentemos este Hit que manifesta a compreensão do ensino (pseudo)cristão deste bando de fariseus que se arrogam defensores de uma moral hipócrita e cínica.

A Oferta da Viuvinha – Aline Barros

UM ABSURDO ISSO!!! LAVAGEM CEREBRAL DESDE CEDO!!!

Mas com a prudencia de não generalizarmos.

Tenho pena de tantos e tantas que se submetem à ignorância e à enganação destes “falsos pastores”. O meu nojo e indignação ha muito tempo se dirigem a estes e às suas instituições e suas igrejas que são verdadeiros “sepulcros caiados” como seriam apontados por Jesus.

Sou cristão, alem disso sou tambem teólogo, e me uno a outros que como eu, professam a fé com base na Palavra da Justiça, da Verdade, do Amor e da Solidariedade Fraterna e repudiam tudo que divide, tudo que oprime, tudo que nega aos homens e mulheres sua plena realização como seres humanos e cidadãos.

ABRALIN

Associação Brasileira de Linguística defende livro do MEC
www1.folha.uol.com.br
A Abralin (Associação Brasileira de Linguística) defendeu, em nota oficial divulgada nesta sexta-feira (20), o livro didático de Português “Por uma vida melhor”, distribuído pelo MEC (Ministério da Educação).

Não se pode reconhecer à ABRALIN (não obstante sua objeção defensiva e competência técnica) qualquer legitimidade quanto à avaliação política acerca de um material distribuído pelo Ministério da Educação.

Um projeto de educação nacional no contexto do Estado Democrático de Direito não pode se tornar refém de quaisquer grupos por mais competentes (do ponto de vista meramente técnico) que sejam.

Bem vindos!

Abro este blog com a finalidade de juntar aqui todos os textos e pensamentos que compartilho com vocês, amigos e leitores, através do meu Facebook e outros mais.

Como o Facebook é um sistema instável e tenho visto com certa frequência contas desaparecer, resolvi então abrir este blog para juntar tudo aqui eliminando assim, o risco de perder meus pensamentos por uma falha naquele sistema.

Abraços.